Um cachorro foi atirado pela janela de um automóvel. O condutor da viatura que seguia atrás encetou uma perseguição que acabou com duas violentas bofetadas na mulher que se havia desembaraçado do "embrulho". Hoje, a cadela que salvou vive consigo.
Numa estrada, algures em Portugal, um homem dirigia a sua viatura, conduzindo logo atrás de uma outra que subitamente abrandou a marcha de forma bem significativa, obrigando-o a uma travagem brusca. É então que vê um pequeno " embrulho " ser atirado pela janela do " pendura " tendo caído a uns quatro metros da berma da estrada.
Intrigado o nosso homem resolve parar o automóvel e dirigir-se para o local a fim de constatar o que tinha sido atirado pela janela. E foi com espanto que, ao desatar o nó do saco de plástico, deparou-se-lhe um cachorrinho, ainda bébé, que gania alto.
O homem em causa, de 1,87 m de altura e bem constituído, refeito do espanto e da surpresa, sentiu uma revolta surda que o dominou por completo. Entrou no carro de novo com o cão bébé e arrancou em alta velocidade pela estrada que seguia, tendo conseguido alcançar, ao fim de 15 minutos, a viatura de onde o cachorrinho houvera sido lançado para fora e, numa manobra abrupta mas rápida, fez a ultrapassagem necessária para logo de imediato proceder a uma travagem a fim de conseguir a imobilização da viatura em causa. O que sucedeu.
Saindo do seu automóvel, o homem dirigiu-se para a porta do pendura com o cachorrinho bébé e, para seu espanto, viu que a pessoa em causa era uma mulher.
- Este cachorrinho é seu, não é verdade? -, perguntou ele.
- Não. Deve estar enganado - , respondeu ela.
- Não estou enganado. Vi-a a atirá-lo pela janela fora quando seguia atrás de vós - , continuou ele.
A mulher nada disse, fechando-se num mutismo próprio de quem se sentira apanhada.
Acto contínuo o homem abriu a porta do carro onde ela se encontrava sentada e desferiu duas sonoras e não menos violentas bofetadas no seu rosto. Um homem, que seria o marido da mesma, abre a porta da viatura a fim de tirar o desforço devido e só não fez mais nada porque ouviu a seguinte frase: " A tua mulher levou duas chapadas mas tu, se avanças, não ficas direito ". O marido da senhora resolveu prudentemente fechar a porta do carro e quedar-se no interior.
O homem que tinha o cachorrinho, com voz calma mas que revelava profunda emoção, olhando para a senhora rematou de forma pausada: " É bem verdade que quem não gosta de animais não pode gostar de pessoas ".
O cachorrinho é hoje uma linda cadela de três anos de idade, bem tratada, querida e meiga. O dono dela é o nosso homem que se viu em grandes dificuldades para amamentá-la a biberão em intervalos de duas horas até às seis semanas de vida.
Direitos dos animais? Respeito pela vida? Reconhecimento que a vida é algo que não nos pertence? Tudo isso são conceitos estranhos para uma grande e significativa parte dos homens e mulheres deste mundo. Não podemos, desta forma, admirar-nos do que os homens fazem aos seus semelhantes, porque, na verdade, quem não gosta de animais não pode gostar de pessoas.