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sexta-feira, outubro 28, 2005

Diz-me: porque estás tão triste? - David Karp


Terminei ontem este livro, um empréstimo da Pauloca do Bookcrossing. Chama-se “Speaking of Sadness”, em português, “Diz-me: porque estás tão triste?”, de David Karp.

A depressão é hoje considerada um “mal du siécle” ou uma forma de “disconnection” nas palavras de Karp, o autor deste livro, situação a que não é de forma alguma alheia a esta nossa estranha forma de viver. Digamos que ela é gerada em função de uma falta de esperança, ou pela desintegração de valores previamente existentes. E tudo isto é tremendamente subjectivo, não deixando por isso mesmo de ser colectivo também. É colectivo, quando uma classe profissional se encontra cada vez mais afectada pelo problema – os psiquiatras e os psicólogos disso dão conta – é colectivo, quando o problema diz respeito a todo um planeta. Por isso, não podemos mais esconder a cabeça e fingir que não nos diz respeito, que nada disso nos poderá jamais atingir, ou aos que nos são mais próximos.
Este livro estende-se por domínios que vão desde a Sociologia, à Medicina, Psicologia e Educação, e sendo de primordial importância para os profissionais, docentes e estudantes das áreas científicas mencionadas, não deixa, contudo, de ser acessível ao leitor comum.

Adorei ler este livro, aprendi bastante! Aconselho a quem sabe bem o que é estar com depressão, ou mesmo àquelas que convivem com pessoas assim.

Existe um grande paradoxo na depressão que muita gente não entende infelizmente: a necessidade de afastamento, por um lado, e a perturbação causada pelo isolamento, por outro. É importante que se entenda bem isto… Uma outra frase do livro: «A saúde emocional de cada indivíduo e a saúde da sociedade são inseparáveis». Finalmente fica aqui apenas um relato de entre dezenas e dezenas deles…

«A depressão é um vácuo que, pouco a pouco, se apodera do nosso cérebro e desaloja o espírito. É a ausência total de pensamento racional. É um frio gelado, que se faz acompanhar por um nevoeiro perigoso que nos enche de horror e nos aterroriza, à medida que se vai espalhando pelo que nos resta do pensamento.»

9 comentários:

Dilbert disse...

Aguçaste-me a curiosidade pikenatonta...
Fiquei com a sensação que é um livro que vou ter que ler mesmo...
Obrigado pela sinopse que aqui fizeste.
Beijinhos fofos

Kalinka disse...

Muito obrigado pikenatonta pela visita ao «meu cantinho»...foi uma bela surpresa. Sempre que queiras vai lá, fico super feliz.
Logo hoje vim aqui e encontro um tema que me é bastante familiar, sofro de depressão crónica há uns 7 anos e sei bem o que isso é, mas...embora transcrevas que a depressão é hoje considerada um «mal du siécle» nas palavras de Karp...eu sinto na pele que ainda não é tão considerada assim, neste nosso País...infelizmente! O povo português «ainda esconde a cabeça e não quer aceitar isso...» Pois, um dia hei-de ler este livro, só que é daqueles livros que não é em qualquer época da nossa vida que se deve ler, e, neste momento não me sinto com vontade de o ler, mas prometo fazê-lo quando estiver mais a 90% capaz disso. Beijokas.
Obrigada pela ideia e sempre que possas diz aqui algo sobre os livros que lês, pois poderá ser uma ajuda enorme para quem visita o teu blog. Até sempre.

pikenatonta disse...

RE Dilbert: Oi!! Bem, não sei se o livro faz mesmo o teu género. Mas quem sabe um dia...
Beijocas!!

pikenatonta disse...

RE Kalinka: Olá! :)))
Tem toda a razão no que disse, infelizmente em Portugal a ideia é outra...
Virei aqui falar de mais livros de certeza! :)
Beijinhos!!!

Magalhães disse...

a necessidade de afastamento, por um lado, e a perturbação causada pelo isolamento, por outro.

«A depressão é um vácuo que, pouco a pouco, se apodera do nosso cérebro e desaloja o espírito. É a ausência total de pensamento racional. É um frio gelado, que se faz acompanhar por um nevoeiro perigoso que nos enche de horror e nos aterroriza, à medida que se vai espalhando pelo que nos resta do pensamento.»

Magalhães disse...

bem explicado, uma visão curiosa e muito acertada! daí as confusões, mas em sociedade, e perante quem gostamos não podemos dar esta parte do nosso ser... é demasiado mau o momento...

pikenatonta disse...

RE Magalhães: Oi!
Não imaginas o sorriso que dei quando vi a tua visita e comentário aqui no meu blog! :)
Espero que voltes mais vezes...

Sabes, não concordo contigo quando dizes que não podemos dar esta parte do nosso ser a quem gostamos... Pois, vai ser a quem não gostamos? Esses vão virar costas, claro, não alguém que realmente goste de ti... Compreendo perfeitamente o que dizes, não é fácil, mesmo nada fácil... Mas às vezes com o nosso afastamento magoamos pessoas que não queremos, e que ficam pior exactamente por isso...
Não é demasiado mau o momento... ;)
Uma beijoca enorme para ti!***

Ana disse...

Em primeiro lugar obrigado pelas boas vindas... ainda estou muito crua nestas andanças.
Agora relativamente a este livro vou tentar ler porque sou uma das afectadas por este mal social e acho esta última transcrição que aqui deixaste "A depressão é um vácuo que, pouco a pouco, se apodera do nosso cérebro ..." muito interessante.
Ate breve e adoro o gato
Ana

pikenatonta disse...

RE Ana: Olá!! Obrigada pela visita!

É verdade, ainda estás no início, mas com o tempo vais lá! ;)

Relativamente ao livro, ele é grandito, só recomendo mesmo a quem se interesse a sério pelo assunto. Eu gostei muito de o ler.

O gato é girissimo, é verdade! :)

Beijocas e volta sempre!